“Comer Rezar e Amar” diz que cada cidade tem uma palavra (falei sobre isso quando fui à Roma). Concluo que cada bairro, também. Para mim, a da Glória
é muito óbvia: xexelenta (seja lá como for que se escreve isso). No meu
imaginário, nada descreve melhor esse pequeno bairro espremido entre Catete, Lapa
e Aterro do Flamengo.
Embora consista em não muito mais
do que três quarteirões e pouquíssimas empresas, eu consegui a façanha de
trabalhar “três” vezes na Glória, em diferentes momentos da vida. O mais
estranho é que eu resisti ao bairro o quanto pude, mas não adiantou.
Quando voltei da África do Sul,
em 2008, arranjei um estágio lá. Fiquei uma semana, mas não gostei. Achei que
trabalhar na Glória, cursar quatro matérias na UFF e mais a monografia era “too
much”. Saí. O próximo emprego que
arranjei? Justamente na Glória. Na esquina desse tal estágio. Como precisava da
grana e não tinha nada mais em vista, dessa vez, não pude rejeitar.
Fiquei na VC 10 meses. Todos
eles, odiando a Glória. Chegava lá às 7h e sempre precisava atravessar a rua
para evitar uma macumba. As ruas estavam constantemente sujas. Não tinha opções
de restaurante, a não ser o Chan (um chinês bem mais ou menos) e os lanches do
Hobby. Esses, sim, bem gostosos. Comércio? Nenhum. A única coisa que gostava
era meu ambiente de trabalho, bem jovem, animado e divertido. Ah, e o tio das
balas. A barraquinha de guloseimas mais limpa e organizada que já vi na vida.
Fica na R. Benjamim Constant.
Quatro anos depois, em 2012,
quando voltei da Bélgica (novamente depois de uma estadia internacional), o
primeiro emprego que arranjei foi... na Glória. O mais bizarro é que não foi
apenas no mesmo bairro. Foi justamente naquele estágio que tinha rejeitado lá
atrás. Bem, já disse aqui que não acredito em coincidências.
Pela segunda vez na RM e pela
terceira na Glória, recomecei minha vida no Brasil. De lá para cá, o bairro
melhorou. Nunca mais vi macumba na rua (nada contra a religião, mas prefiro
evitar a sujeira), a Praça Paris está bem melhor cuidada, abriu Americanas (um
oásis naquela falta de comércio) e um Mega Matte (se bem que prefiro os lanches
do Hobby). Embora as ruas estejam mais limpas, para mim, ainda resta o ar de
Xexelenta. Talvez, uma primeira impressão que demore a passar.
Nessa minha “terceira”
experiência no bairro, o que mais gostava era a vista que tinha do escritório:
aterro, pão de açúcar e Niterói; a manicure Nadja (unhas bem feitas por apenas
9 reais no salão Rio Minas); o novo tio dos doces e o bolo de cenoura
maravilhoso (R$3,50), minha vizinhança: Tati (again!). E, novamente, meu
ambiente de trabalho. Embora reclamasse tanto dele.
No fim das contas, a Glória me
faz falta.
PS 1: Falar da Glória sem falar da Igreja e do
Outreiro é absurdo, mas é que faz tanto tempo que eu fui que nem lembro
direito. Sei que achei bem bonito, mas meio abandonado.
PS 2: Eu não sou especialista em
Glória, então, sintam-se à vontade para dizer que está tudo errado e comentar o
que eu deixei de falar.
Não cheguei a conhecer o bairro...
ResponderExcluirVc consegue cada proeza, hein, Maitê?! Rende boas anedotas pra contar.
Bjo!
Maite, passamos por situação semelhante. Também odeio a Glória, embora tenha sido obrigada a trabalhar lá duas vezes. A vista é linda, mas o acesso, a falta de comércio e a sujeira realmente irritam. ;)
ResponderExcluirAh! Miss u! <3