sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Partes do Rio III - Glória



 “Comer Rezar e Amar” diz que cada cidade tem uma palavra (falei sobre isso quando fui à Roma). Concluo que cada bairro, também. Para mim, a da Glória é muito óbvia: xexelenta (seja lá como for que se escreve isso). No meu imaginário, nada descreve melhor esse pequeno bairro espremido entre Catete, Lapa e Aterro do Flamengo.

Embora consista em não muito mais do que três quarteirões e pouquíssimas empresas, eu consegui a façanha de trabalhar “três” vezes na Glória, em diferentes momentos da vida. O mais estranho é que eu resisti ao bairro o quanto pude, mas não adiantou. 

Quando voltei da África do Sul, em 2008, arranjei um estágio lá. Fiquei uma semana, mas não gostei. Achei que trabalhar na Glória, cursar quatro matérias na UFF e mais a monografia era “too much”.  Saí. O próximo emprego que arranjei? Justamente na Glória. Na esquina desse tal estágio. Como precisava da grana e não tinha nada mais em vista, dessa vez, não pude rejeitar. 

Fiquei na VC 10 meses. Todos eles, odiando a Glória. Chegava lá às 7h e sempre precisava atravessar a rua para evitar uma macumba. As ruas estavam constantemente sujas. Não tinha opções de restaurante, a não ser o Chan (um chinês bem mais ou menos) e os lanches do Hobby. Esses, sim, bem gostosos. Comércio? Nenhum. A única coisa que gostava era meu ambiente de trabalho, bem jovem, animado e divertido. Ah, e o tio das balas. A barraquinha de guloseimas mais limpa e organizada que já vi na vida. Fica na R. Benjamim Constant. 

Quatro anos depois, em 2012, quando voltei da Bélgica (novamente depois de uma estadia internacional), o primeiro emprego que arranjei foi... na Glória. O mais bizarro é que não foi apenas no mesmo bairro. Foi justamente naquele estágio que tinha rejeitado lá atrás. Bem, já disse aqui que não acredito em coincidências. 

Pela segunda vez na RM e pela terceira na Glória, recomecei minha vida no Brasil. De lá para cá, o bairro melhorou. Nunca mais vi macumba na rua (nada contra a religião, mas prefiro evitar a sujeira), a Praça Paris está bem melhor cuidada, abriu Americanas (um oásis naquela falta de comércio) e um Mega Matte (se bem que prefiro os lanches do Hobby). Embora as ruas estejam mais limpas, para mim, ainda resta o ar de Xexelenta. Talvez, uma primeira impressão que demore a passar. 


Nessa minha “terceira” experiência no bairro, o que mais gostava era a vista que tinha do escritório: aterro, pão de açúcar e Niterói; a manicure Nadja (unhas bem feitas por apenas 9 reais no salão Rio Minas); o novo tio dos doces e o bolo de cenoura maravilhoso (R$3,50), minha vizinhança: Tati (again!). E, novamente, meu ambiente de trabalho. Embora reclamasse tanto dele.
No fim das contas, a Glória me faz falta. 



PS 1: Falar da Glória sem falar da Igreja e do Outreiro é absurdo, mas é que faz tanto tempo que eu fui que nem lembro direito. Sei que achei bem bonito, mas meio abandonado. 

PS 2: Eu não sou especialista em Glória, então, sintam-se à vontade para dizer que está tudo errado e comentar o que eu deixei de falar.

2 comentários:

  1. Não cheguei a conhecer o bairro...
    Vc consegue cada proeza, hein, Maitê?! Rende boas anedotas pra contar.
    Bjo!

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  2. Maite, passamos por situação semelhante. Também odeio a Glória, embora tenha sido obrigada a trabalhar lá duas vezes. A vista é linda, mas o acesso, a falta de comércio e a sujeira realmente irritam. ;)

    Ah! Miss u! <3

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