segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Tríplice Fronteira – Brasil, Argentina e Paraguai



“Os senhores me desculpem, mas, devido ao adiantado da hora, me sinto anterior a fronteiras” Carlos Drummond de Andrade

Foi em Foz do Iguaçu que ouvi essa frase do Drummond pela primeira vez, citada por Tom Jobim em uma entrevista para TV. E não poderia ter sido em local mais apropriado. O conceito de fronteira é tão naturalizado na minha cabeça que poucas vezes o questiono. Mas confesso que em Foz ele me pareceu um tanto quanto ridículo. 

Nas cataratas brasileiras dá para ver o lado argentino de tão perto que eu demorei a acreditar que aquilo já não era mais o meu país. Atravessar a pé a Ponte da Amizade, que liga o Brasil ao Paraguai, é mais fácil do que ir do Rio para Niterói. Acredite: a imigração de lá é mais rápida que o pedágio daqui. Na Hidrelétrica Binacional de Itaipu, cruza-se a fronteira fictícia entre os dois países e nem se percebe.

Aliás, acho que fronteira fictícia é quase um pleonasmo. Todas elas só existem na mentalidade do homem para dominar a terra que não é de fato sua. Concordo com as fronteiras enquanto atributo para organização, mas acho que nunca deveriam servir de barreira entre pessoas. 

Utopias à parte... 

Visitar a Cidad del Est no Paraguai é uma experiência antropológica. Uma mistura de Saara com São Gonçalo e Índia falando espanhol. Como nunca compro, desconheço os preços de produtos de marca e nem sei dizer se vale a pena. Mas os brasileiros fazem a festa. O que mais me impressionou foram os ônibus. Tão velhos que são quase uma viagem no tempo.


Já Puerto Iguazu, na Argentina, me surpreendeu negativamente pela quantidade de índios pedindo esmola na rua. Gostei foi da feirinha de comida, onde comprei alfajor. Delicinha argentina! 

No fim, o conceito de fronteira é tão ridículo que eu, que ia passar 2013 sem nenhuma viagem ao exterior, acabei por “conhecer” dois novos países.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Foz do Iguaçu – dicas práticas



Fora as cataratas e o Parque das Aves, sobram poucas atrações turísticas em Foz do Iguaçu. Para ser exata, basicamente duas. O templo budista (que não conheci) e a Usina de Itaipu.  

Confesso que fui à hidrelétrica disposta a não gostar. Ouço falar de todos os prejuízos ambientais e sociais que esse tipo de construção causa. Mas assim que chegamos, somos levados a assistir um filme bem lavagem cerebral, que mostra todos os benefícios do empreendimento e como a mata, fauna, flora e as populações ao redor estão sendo restauradas e ajudadas. Fiquei na dúvida. De qualquer forma, é muito interessante ver o tamanho das barragens e entender um pouco como funciona. 


Dormir e comer
Ficamos hospedadas na pousada Evelline, perto do centro (mas o transporte público lá não é dos melhores), aconchegante e preço bom, mas o destaque mesmo vai para a dona. A própria Evelline, uma senhora de mais de 70 anos, muito simpática, doce, inteligente e ativa. Fala sete línguas, a última aprendeu recentemente e sozinha: russo. Faz um trabalho comunitário numa aldeia indígena do lado argentino. Já senhora, criou um filho adotivo que passou em primeiro lugar para medicina numa faculdade federal do Paraná. 

Para comer: não fomos a nenhum restaurante que a comida chamasse a atenção e todos são salgadinhos no preço. No Park Foz pedimos uma pizza bem da ruim e muito cara. No Jardim da Cerveja, fomos de picanha e minha mãe odiou. Meu paladar não é muito apurado, então, para mim estava ok. As opções baratas e rápidas de lá são os kebabs. Tem aos montes. Passamos o réveillon no Rafain Chopp e foi bem divertido. A casa vive cheia, tem música ao vivo, telões com esporte e os petiscos são gostosinhos.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Cataratas do Iguaçu




Lado brasileiro
Durante minhas viagens mundo a fora, encontrei muitos gringos que já tinham visitado o Brasil e boa parte deles conhecia as cataratas do Iguaçu. Eu, invariavelmente, morria de vergonha de conhecer menos do meu país do que um estrangeiro. Mas no fim de 2013 quitei essa minha dívida nacionalista.
A cidade de Foz do Iguaçu tem muito pouco a oferecer, mas as cataratas valem a viagem. É um espetáculo forte, impressionante. De repente, aquele tantão de água te hipnotiza e você não ouve nada além do barulho da queda. A sensação é aquela bem clichê: somos mínimos. 

Argentina - queda da Garganta do Diabo
O triste é ter que confessar que o lado argentino é melhor que o brasileiro: você chega mais próximo da queda principal, a Garganta do Diabo, e pode seguir outras duas trilhas (superior e inferior) que proporcionam vista diversificada e privilegiada das cataratas. Para fazer tudo, leva por volta de cinco horas. Mas o bom mesmo é reservar o dia todo para isso. Eu aproveitei e fiz o passeio do bote, que chega bem perto de uma das quedas, e é mais barato que no lado brasileiro (custa 180 pesos o mais rápido de 12 minutos). Mas o barato para por aí. Tudo dentro do parque é bem caro. Uma água custa mais de oito reais. A única lanchonete com um preço um pouco mais razoável é o El Fortín. 
Argentina - Circuito Inferior
Argentina - Garganta do Diabo
Já no nosso lado do Iguaçu, tem apenas uma trilha que leva até o outro lado da Garganta do Diabo. É lindo e de fácil acesso. Até cadeirantes conseguem ir. Mas é bom conhecer primeiro esse para não achar sem graça depois de ver as quedas argentinas. Dá para fazer o passeio em duas ou três horas. Dentro tem três restaurantes/lanchonetes com preços razoáveis.

Lado Brasileiro - Garganta do Diabo
Na saída, é legal visitar o Parque das Aves, que é logo ao lado. O ingresso custa R$ 20,00. Eu, que nem sou muito fã de pássaros, adorei. Tem muita espécie diferente, mistura de cores fantásticas e dá para entrar em alguns viveiros. O que gostei é que no final tem uma placa enaltecendo a Deus pela belíssima criação. Digno reconhecimento.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Búzios: meu pequeno paraíso



Geribá

Minha relação com Búzios é sentimental. Sempre foi assim. Minha lembrança mais antiga de lá sou eu bem pequena, atravessando a rua sozinha pela primeira vez, enquanto minha mãe acertava as contas do hotel, em uma de nossas costumeiras viagens de fim de semana. Búzios era sinônimo de liberdade.

O curioso é que voltei lá algumas vezes com minhas irmãs para pegar praia e passear de escuna e tenho certeza que foram momentos muito divertidos, mas não lembro claramente de nenhum deles. Mas a minha alegria de atravessar a rua sozinha eu nunca esqueci. 

Praia da Tartaruga

E aí eu comecei a namorar o Douglas, que tinha Búzios como segunda casa e me deu isso de presente. A primeira vez que fomos juntos lá, inventamos de atravessar de Geribá para Ferradurinha pelas pedras e quase morremos (com um pouco de exagero!). Tivemos que voltar no meio do caminho. Ele, pelas pedras e eu, nadando. Mesmo assim, Búzios era sinônimo de liberdade. Era o único lugar do Brasil que eu não precisava dizer para ninguém para onde ia e que horas voltava. 

Eu retornei a Búzios semana passada e foi a primeira vez no Brasil que viajei sozinha, para ficar hospedada num hostel. Definitivamente, Búzios é sinônimo de liberdade. Mas não é só isso. É um dos lugares mais bonitos do Rio, sem dúvidas.

Pôr-do-Sol em Geribá


Da emoção à prática

Praia da Azeda

Para além das minhas lembranças nostálgicas, Búzios tem muitas atrações para oferecer. As praias, sem dúvida, são as melhores delas. Pelo menos para mim que não ligo para baladas. A minha preferida é Ferradurinha, uns 5 min a pé do fim de Geribá (se você for pelo caminho trilhado e não inventar de atravessar as pedras, como eu!). É aconchegante, mansinha, tem um visual lindo das pedras, dá pra andar de caiaque e não fica empestada de gente. Eu adoro Geribá também. Tem coqueiros dando sombra, a faixa de areia é extensa e larga, então, mesmo na alta temporada tem espaço de sobra.  Mas o mar pode ficar bravo e a água gelada. As praias do centro são bem mais mansas, águas mais transparentes, mas no verão, socorro! Como elas são pequenas, ficam muito cheias. Os passeios de escuna são ótima pedida tb!


Praia da Ferradurinha

À noite, a melhor (e acho que única opção!) é a Rua das Pedras. Meu lugar preferido é o Chez Michou, crepe delicioso, ambiente gostoso, música animada, atendentes simpáticos, preço bom (mas só aceita dinheiro!). As lojas da Rua das Pedras são meio fora do meu orçamento, mas nos arredores, tem lojinhas de preço razoável, por incrível que pareça.
Onde ficar: não conheço muito, mas posso indicar o hostel que fiquei dessa última vez: Lagoa Beach. Muito barato (R$30 diária com café da manhã), novo, bem limpinho e a 5min a pé da praia de Geribá (para ir para o centro é preciso andar uns 10 min até a avenida principal e pegar uma van). Gostei e recomendo.