sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Minha história de Berlim


Momento 1: Com uns 12 anos de idade quis ser escritora e esbocei três pequenas histórias, uma delas, em parceria com uma amiguinha de colégio, chamada O Muro de Berlim. Era sobre um jovem casal que tinha sido separado pela divisão da cidade. Eu gostei especialmente desse texto, tanto que me lembro de detalhes dele até hoje.

Momento 2: Quando estava na 8° série, vi o vídeo do Pedro Bial cobrindo a queda do Muro de Berlim. Ele estava no muro, com um monte de gente em volta, emocionado até. Achei aquilo o máximo. Estar alí, vendo a História, fazendo história. Decidi o que queria ser da vida: jornalista. (Infelizmente, não achei o vídeo no youtube, o que me fez até duvidar da existência dele. Talvez minha memória tenha confundido os atores principais, talvez o jornalista seja outro, mas enfim, o importante é que foi com essa cena que escolhi minha profissão).

Momento 3: Durante uma aula de francês na Bélgica o tópico são alguns momentos históricos, entre eles, a Copa do Mundo de 2002 (Brasilsilsiiiiiill) e a queda do muro de Berlim. Uma colega alemã conta suas lembranças do dia. Ela era criança e queria assistir ao seu desenho animado favorito, mas todas as emissões foram interrompidas para mostrar as imagens da derrubada da parede. Ela e a irmã reclamam, mas o pai avisa que esse é um evento que muda o mundo, um dia histórico.

Momento 4: Réveillon de 2011/2012, eu finalmente visito Berlim e vejo tudo isso com meus próprios olhos. E mais: realizo outro de meus pequenos grandes sonhos, pego uma pedra legítima do muro!!! Minha, só minha.


A despeito de todas essas vezes que a História de Berlim cruzou a minha história, essa nunca foi uma cidade que tive especialmente vontade de conhecer. Isso mudou quando cheguei à Europa e perdi a má impressão que tinha dos alemães. A oportunidade surgiu e não poderia ter sido de melhor maneira: passar um dos revéillons mais famosos do mundo no Portal de Brandenburg com minha queridíssima amiga de faculdade, Érika.

Conseguimos um hostel que tinha jeito de hotel, ficamos sozinha no quarto e só dividimos o banheiro com um casal, super tranquilo. O local era meio árabe, mas tá valendo! hehehe

A primeira descoberta foi um tanto quanto decepcionante: os berlinenses não falam inglês, ou porque não sabem ou porque não querem. Isso dificultou um pouco (muito) nossa vida, principalmente levando em conta que as linhas de metrô de lá são complicadíssimas. Minha sorte é que a Érika é boa de mapa! hehehe 


Nosso primeiro ponto turístico visitado foi o Muro. Fomos até a West Side Gallery, mas a verdade é que tem pedaços por toda a parte. Onde quer que andávamos, esbarrávamos numa parede. Algumas coloridas, grafitadas, outras cinzas e algumas com chiclete (eca! não gostei!). Como sempre, eu fiquei toda boba de estar em um monumento tão importante historicamente e deixei minha marca. Estive lá!!! :)



A parte do muro que mais gostei é um pouco mais afastada da cidade. Tem tipo um museu a céu aberto que relata diversas tentativas de fuga, umas bem-sucedidas e outras fatais.

Aliás, museu é o forte de Berlim. São inúmeros e cada um deles, enorme. Você passa horas lá dentro e não vê tudo. Sobre a história da Alemanha, a Segunda Guerra Mundial,  o Muro. O Museu Judaico é excelente. Além de falar sobre o holocausto, conta bastante a tragetória do povo, seus costumes, religião. Gostei!

Falam também que a noite de Berlim é ótima, mas isso não posso dizer. Nao conseguíamos achar um barzinho de jeito nenhum, mas acabamos num Karaokê divertidíssimo e num restaurante grego, pensando que era pizzaria! Valeu pq foi a primeira vez q fui a um restaurante grego! hehehe

Apesar da arquitetura berlinense não me chamar a atenção, no centro tem alguns prédios bem bonitos: com destaque para a ilha dos museus, a Universidade onde estudaram Marx e Einstein e a Catedral, uma das mais lindas que já visitei.


Pra quem não tinha nenhuma expectativa, descobri que Berlim é bem mais que um muro.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Um ano se passou...

Um ano de Europa se passou e 2012 chegou. Quanta coisa aconteceu! É impressionante como um ano que passou tão rápido pôde ser tão produtivo. OK, a gente sempre diz que o ano vôou, mas, de verdade, esse foi o mais rápido da minha vida e mesmo assim consegui fazer tanta coisa que é quase inacreditável.

Como resumir, então, esse ano?

Começou numa total indefinição. Quando me aventurei a vir para cá não tinha persperctiva de nada. Tinha um passaporte francês, um irmão acolhedor e muita vontade de morar na Europa. Só isso! Ok, não posso dizer SÓ isso. Tudo isso já é bem mais do que a maioria dos imigrantes tem quando saem do Brasil.
E foi com isso que aprendi minha primeira lição europeia: descobri que consigo caminhar muito bem com meus próprios pés, mas que ninguém chega a lugar nenhum sozinho. Vim para cá em busca da minha independência e a encontrei, mas sou feliz porque entendi que ser independente não é dizer: eu não preciso de ninguém. Na verdade, não há nada melhor no mundo do que contar com uma família e amigos que te apoiam. Por isso, aqui vão meus agradecimentos de coração para algumas das pessoas que fizeram meu sonho europeu possível: minha mãe, porque mesmo sem concordar plenamente com minha loucura, fez todo o possível para que desse certo, meu irmão e minha cunhada Jô, por me acolherem tão calorosamente e por serem meus amigos em todos os momentos, minha irmã Didy que sempre foi e continou sendo meu porto-seguro e conselheira-mor, ainda que via webcam, aos amigos que fiz em Amsterdam, quando ainda estava sem emprego e sem muita ideia do que fazer, a Ludy e ao Diego, pela lista infinita de favores, e aos outros amigos na Bélgica, que fazem do meu dia-a-dia muito mais feliz.

Findados os agradecimentos (pelo menos por enquanto!), continuemos...

Depois dos primeiros meses de indefinição, arranjei meu primeiro emprego, como Au Pair na Bélgica. Quando aceitei esta proposta não tinha a menor ideia de quem era a família com que eu iria morar e o que eu iria fazer, só precisa arranjar uma maneira de me sustentar. E foi assim que aprendi minha segunda lição: Deus está no controle. De TUDO. SEMPRE.
Embora não possa dizer que minha conduta como cristã tenha sido impecável desde que cheguei à Europa, posso garantir que minha fé triplicou. Acho que quando se está "on your own", o cuidado divino fica ainda mais evidente. Durante este ano, pude ver claramente a providência divina agindo em minha vida. Apesar de todas as incertezas e dificuldades, Deus tomou conta de mim em todos os momentos e providenciou as soluções certas, no momento certo. Tenho certeza que toda a minha caminhada na Europa foi maravilhosamente conduzida pelas mãos do Pai."Eu te agradeço, Senhor, pelo carinho, pelo amor, pelo cuidado que tens por mim".

Com o primeiro emprego garantido e o dinheiro começando a chegar, veio também as melhores experiências: as viagens. Nesses 12 meses, tive a oportunidade de conhecer 8 países e inúmeras cidades. Não tenho palavras para descrever como é bom viajar, conhecer lugares lindos, culturas diferentes, pessoas interessantes... é até difícil (aliás, impossível) escolher a melhor, mas vou destacar duas:

1 - a primeira vez que fui à Paris. Esse era o sonho da minha vida e para realizar um sonho, a gente faz loucuras. E valeu mt a pena! Eu não parava de sorrir, fiquei assim por dias. Quando eu me vi de frente pra Torre Eiffel, foi um dos melhores momentos da minha vida.

2 - minha primeira viagem à Londres. Por tudo que incluiu. Pela cidade que é incrível, pelos ingleses que são muito educados e gentis e, lógico, por ter encontrado a Tati. Londres me surpreendeu, é muito mais do que eu imaginava. Me encantou totalmente.

Tantas viagens, mais uma lição, a terceira: o mundo não é tão grande quanto parece! É possível alcançar nossos sonhos e ir muito além. Conheci lugares que sonhei por anos e muitos outros que nem imaginava. E ainda tem mais por vir, se Deus quiser!!! :)

Entre tantas viagens, mudei de emprego, duas vezes. Passei por uma família inglesa e agora estou numa francesa, com quem fico até minha volta ao Brasil. (se Deus quiser, novamente!)
Trabalhar como Au Pair parece fácil, mas nem sempre é. Tem que ter paciência, muuuita (e olha que eu amo crianças, mas eles podem ser bem estressantes). Além disso, você ganha uma família que não é a sua, o que pode ser complicado, às vezes. Cada família que eu trabalhei era bem diferente da outra e eu aprendi muito em todas elas. Acho que vou ser uma mãe muito melhor e lição quatro: nunca mimar meus filhos!

Como Au Pair, tenho direito a estudar um idioma e não poderia ser outro que não o francês. Eu amo essa língua e sempre morri de vontade de aprender. Sem contar que é o idioma da minha mãe e da minha segunda nacionalidade. Aprender francês tem sido um desafio, mas é uma delícia. Quando cheguei aqui não sabia falar uma palavra e agora já consigo conversar razoavelmente bem. Muito legal!


Além do trabalho como Au Pair, outros empregos foram surgindo. Há alguns meses estou trabalhando para uma revista brasileira na Bélgica, a ABClassificados. Quando a oportunidade surgiu, eu fiquei mega empolgada. Iria excercer minha profissão do jeito que mais quis desde que entrei na faculdade, em um impresso mensal. Mas já no primeiro mês, eu tive vontade de desistir. A dona da revista é de longe a chefe mais louca com quem já trabalhei. Pressão pouca é bobagem!!! Mas aí veio a quinta lição: dê tempo às pessoas e tenha paciência com elas. Elas podem se mostrar melhores do que você pensava. Apesar de todo o stress e de ter um modo de gerenciar que eu não concordo, perbeci que minha chefe é uma boa pessoa e que trabalhar com ela não precisa ser um pesadelo, basta entender que ela é assim e não levar as coisas pro lado pessoal. Manter a cabeça fria, abstrair os defeitos e focar nos pontos positivos sempre ajuda. 


Por último, apesar de já estar mega-atarefada com meus empregos, resolvi realizar mais um dos grandes desejos da minha vida: fazer um trabalho voluntário. Estou ajudando na área de comunicação de uma ONG que dá suporte a outras ONGs de ajuda a crianças com Espinha Bífida e Hidrocefalia. Meu primeiro job é traduzir o site do inglês por português. Desafio para mim, mas ótimo para melhorar meu idioma. Última lição (pelo menos por enquanto): sempre arranjar tempo para fazer algo que me dá prazer e no qual eu acredite, a satisfação é enorme e compensa.