sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Partes do Rio II: Maracanã





Sinceramente, não sei se tive opção de não ser flamenguista. Com um irmão fanático como o meu, seria, no mínimo, decepcionante. Tanto assim que nem sei exatamente quando me decidi pelo rubro-negro, mas lembro de torcer desde pequena. Lembro também que meu placar nem sempre conferia com o oficial. Isso porque, para mim, gol impedido valia. Achava um absurdo anularem um gol só porque o outro time não tinha se posicionado direito, não tinha corrido o suficiente para estar na frente do atacante (sim, eu já sabia o que era impedimento). 

O fato é que, independente da minha liberdade (ou não) de escolha, me identifico com a torcida do Flamengo como me identifico com poucas coisas na vida. O jeitão popular, simples, empolgado, completamente apaixonado. Bem eu. 

Lembro perfeitamente a primeira vez que entrei no Maracanã, ainda na versão bem antiga, com direito a geral. Fiquei toda arrepiada e meus olhos se encheram d’água. Era tão grande, tão lindo, e quando a torcida do Flamengo cantou o hino, tão emocionante. Era Flamengo X Santos na época de Robinho e Diego. Não tínhamos chance e eu sabia bem disso. Perdemos de 2 X 0, mas valeu o espetáculo.
Meu irmão saiu do Brasil quando eu ainda era muito nova para frequentar estádios. Então, minhas primeiras vezes no Maraca não foram com ele. Mas compensamos essa ausência da melhor forma possível: vimos o Hexa juntos em 2009. Uma emoção inexplicável. Um dos dias mais marcantes da minha vida. 

Além do Mengão, fui duas vezes ao Maraca assistir a seleção brasileira. Na primeira, vi Ronaldinho Gaúcho e Kaka jogarem, com direito a golaço. A seleção ganhou de 5 X 0 do Equador. Na segunda, com o novo estádio pronto (e lindo!), vi o que até eu duvidava, o Brasil ganhar a Copa das Confederações contra a grande Espanha por 3 a 0. Mais um dia marcante. Um sonho. 

Mesmo assim e embora brasileira com muito orgulho e muito amor, não dá pra negar que o Maraca rubro-negro é mais quente e enlouquecedor do que verde-amarelo. Mesmo a disputa por uma simples vaga nas quartas de finais da Copa do Brasil é capaz de se transformar a torcida num espetáculo a parte quando se trata de Flamengo.  

Aliás, vi algumas cenas muito lindas nesse último jogo. Sentei-me ao lado de um flamenguista especial, acompanhado de sua mãe. Ele estava tão empolgado com o jogo, sofreu e torceu tanto... Peguei-me torcendo para o Flamengo ganhar mais para vê-lo feliz do que pelo próprio time. Vi um outro jovem que, não sei porque, estava de cadeira de rodas. Ele, bem no meio da galera, e seu espaço sendo respeitado. Tinha também torcedores erguendo a faixa: "O Maraca é nosso. Fora Odebrecht!". Adorei.
O Maraca é ponto turístico indispensável para moradores e viajantes, mas, se for para assistir um jogo do Mengão, melhor ainda. 


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Partes do Rio I: Botafogo


O Rio de Janeiro é muito grande, diverso, plural e desigual. Resumi-lo em um post é quase impossível. Talvez por isso tenha demorado tanto para me arriscar a escrever sobre essa cidade por aqui (embora tenha feito uma prévia no blog da Ana). Resolvi, então, simplificar e ir por partes. A primeira, meu atual bairro de residência: Botafogo.
Confesso que quando soube que me mudaria para cá, não fiquei nem um pouco satisfeita. Amo Niterói e não queria deixar minha cidade por nada. Além disso, sempre disse que se fosse para morar no Rio teria que ser em Ipanema ou Leblon. Nada menos que isso. Mas, como a realidade nem sempre condiz com nossos caprichos, tive mesmo que vir parar em Botafogo. Comecei com o pé esquerdo: com uma semana fui assaltada caminhando na Enseada, perdi meu Ipod Touch e ainda tomei um soco. Passado o susto, fui conquistada.  Eis os motivos:
1-  Praticidade: 20 minutos de metrô até o centro, 15 min. de metrô ou 30 min. de bike até meu antigo trabalho na Glória, meia-hora de ônibus ou de bike até meu atual emprego na Gávea. E não menos importante que isso: 15 min. de metrô até a praia de Ipanema (temporariamente interrompido pelas obras), 15 min. de bus até o Jardim Botânico e a Lagoa. Não dá para reclamar, né? Sem contar que tem ônibus direto para tudo quanto é canto, inclusive para Nikity.
 
2-   Grupo Estação: parece bobeira, mas um dos maiores motivos de minha alegria de morar em Botafogo é estar na esquina dos cinemas do Estação. Sério, é muito bom ter dois cinemas de rua com uma programação tão bacana a poucos metros da sua casa. Acho o máximo assistir os filmes diferenciados, não precisar enfrentar um shopping e ainda ter cafeteria, locadora e uma livraria deliciosa. Da até para curtir um filminho durante a semana atarefada. E ainda tem o Itau Arplex, na praia.
3-   Enseada: apesar de ter sido assaltada por lá, acho uma delícia caminhar por essa orla. É uma das vistas mais lindas do Rio. De um lado, o Pão de Açúcar e do outro, o Cristo Redentor. Toda vez que passo por lá me lembro o quanto sou privilegiada. (É exatamente o mesmo sentimento que tinha quando caminhava no parque Cinquantenaire em Bruxelas).

4 - Happy Hour: não que eu seja frequentadora assídua de noitadas e afins, mas gosto do clima de Happy Hour dos barzinhos em Botafogo, a concentração perto da estação de metrô, na Voluntários, na esquina do Botafogo Praia Shopping. Acho bem gostoso ter uma opção de saidinha assim tão pertinho de casa.
5 - Minha vizinhança: a Tati, o consultório adventista Silvestre - onde minha irmã trabalha -, a IASD de Botafogo.
O que não gosto: da violência, talvez pelo susto que tomei assim que cheguei, mas também pelos moradores de rua, pela escuridão da orla e da passagem subterrânea à noite. Acho também que falta uma cafeteria bem gostosa (só tem a de dentro do cinema).