“Os senhores me desculpem, mas, devido ao adiantado da hora, me sinto anterior a fronteiras” Carlos Drummond de Andrade
Foi em Foz do Iguaçu que ouvi essa frase do Drummond pela primeira vez, citada por Tom Jobim
em uma entrevista para TV. E não poderia ter sido em local mais apropriado. O
conceito de fronteira é tão naturalizado na minha cabeça que poucas vezes o
questiono. Mas confesso que em Foz ele me pareceu um tanto quanto ridículo.
Nas cataratas brasileiras
dá para ver o lado argentino de tão perto que eu demorei a acreditar que aquilo
já não era mais o meu país. Atravessar a pé a Ponte da Amizade, que liga o
Brasil ao Paraguai, é mais fácil do que ir do Rio para Niterói. Acredite: a
imigração de lá é mais rápida que o pedágio daqui. Na Hidrelétrica Binacional
de Itaipu, cruza-se a fronteira fictícia entre os dois países e nem se percebe.
Aliás, acho que
fronteira fictícia é quase um pleonasmo. Todas elas só existem na mentalidade
do homem para dominar a terra que não é de fato sua. Concordo com as fronteiras
enquanto atributo para organização, mas acho que nunca deveriam servir de
barreira entre pessoas.
Utopias à parte...
Visitar a Cidad
del Est no Paraguai é uma experiência antropológica. Uma mistura de Saara com
São Gonçalo e Índia falando espanhol. Como nunca compro, desconheço os preços
de produtos de marca e nem sei dizer se vale a pena. Mas os brasileiros fazem a
festa. O que mais me impressionou foram os ônibus. Tão velhos que são quase uma
viagem no tempo.
Já Puerto Iguazu,
na Argentina, me surpreendeu negativamente pela quantidade de índios pedindo
esmola na rua. Gostei foi da feirinha de comida, onde comprei alfajor.
Delicinha argentina!
No fim, o conceito
de fronteira é tão ridículo que eu, que ia passar 2013 sem nenhuma viagem ao
exterior, acabei por “conhecer” dois novos países.
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